Vai faltar arroz? Associação afasta risco, mas comportamento do consumidor pode fazer preço subir
10/05/2024
Em Campinas (SP), aumento na procura por conta das enchentes que atingem o Rio Grande do Sul, região que é o maior produtora do País, fez alguns supermercados restringirem a compra do cereal. Enchentes no Sul afetam preço da batata e abastecimento de arroz em Campinas
Os temporais e enchentes que afetam o Rio Grande do Sul deste o fim de abril provocam mudanças no comportamento de alguns consumidores em Campinas (SP), em especial por causa de um item: o arroz. Com o temor de que o alimento possa faltar, uma vez que estado é o maior produtor do Brasil, clientes têm, sem necessidade, comprado grandes volumes do cereal. Mas há risco?
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De acordo com a Associação Paulista de Supermercados (Apas), "o setor está atento às mudanças que ocorrerão após o período de enchentes, avaliando os impactos da tragédia e tomando medidas adequadas para a recuperação da região", mas ainda assim, "não há risco de desabastecimento nos supermercados" da região.
Pedro de Miranda Costa, economista do Observatório PUC-Campinas, também destaca que não há motivos para pensar em desabastecimento.
"Estão sendo tomadas medidas. As associações de produtores têm anunciado que há uma safra já colhida, suficiente para abastecer o país por cerca de três meses e que deve ser escoada. O governo está anunciando medidas no sentido de importar arroz de outros países suprir uma eventual queda na oferta", explica.
Consumidora com o carrinho cheio de sacos de arroz em Campinas (SP)
Reprodução/EPTV
Por conta desse movimento intenso de consumidores, algumas unidades do varejo na cidade adotaram a limitação de compra de arroz por CPF como "medida preventiva".
"Dessa forma, conseguimos garantir que mais consumidores tenham acesso nas lojas e a gente consiga atender a demanda. De qualquer forma, reforçamos que o estoque de arroz está dentro da normalidade", informou, em nota, o Carrefour.
Entretanto, o comportamento de realizar compras em grandes volumes, sem necessidade, pode afetar o preço do arroz. Afinal, quanto maior a procura, mais caro o produto fica.
Esse efeito já é visível no custo da batata, outro produto com grande produção no Sul, mas que naturalmente enfrenta oscilações do mercado. Em quatro semanas, o valor do quilo na Ceasa em Campinas saltou de R$ 5,20 para R$ 7,60, aumento de 46,1%.
"Independente desses fenômenos, a batata é um produto cujo preço oscila muito. Nesses momentos em que estamos frente a uma tragédia, há um comportamento especulativo, parte pode ter relação com isso. Então, não saia comprando a um preço alto achando que depois vai estar maior ainda", explica o economista.
Enchentes do Sul: Quilo da batata chegou a R$ 7,60 e alguns supermercados da cidade limitaram a quantidade de arroz por CPF, em Campinas (SP)
Reprodução/EPTV
Tragédia
O Rio Grande do Sul chegou ao número de 126 mortos em razão dos temporais e cheias que atingem o estado desde o final de abril. No boletim da Defesa CIvil divulgado às 18h30 desta sexta-feira (10), o estado ainda contabilizava 141 desaparecidos e 756 feridos.
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O estado ainda registra 441,3 mil pessoas fora de casa. Desse total, são 71,4 mil pessoas em abrigos e 339,9 mil pessoas desalojadas (na casa de parentes ou amigos).
Do total de 497 municípios gaúchos, 441 relataram problemas decorrentes da chuva. A situação afeta 1,95 milhão de pessoas.
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